Prioridades de Pesquisa
A investigação científica em saúde pode e deve ser um instrumento que possibilite a qualificação na tomada de decisão e melhorias no trabalho em saúde, sendo necessário pensar e planejar a partir das necessidades reais e mais urgentes da população. Pensado nisso a ESP-PB priorizou a construção coletiva e ascendente, iniciando o levantamento dos problemas de saúde a partir de consulta aos municípios por meio de formulário eletrônico, seguindo com realização do Seminário de Fortalecimento da Investigação Científica para o SUS (SEFIC-SUS), Encontro de Especialistas, finalizando com consulta pública.
Após as etapas do SEFIC-SUS, Encontro de Especialistas e Consulta Pública, foi obtido como resultado final os 27 problemas e/ou necessidades de saúde e as 67 prioridades de pesquisa, divididos nos 4 eixos:
-
Eixo Atenção à Saúde: 8 problemas/necessidades de saúde e 28 prioridades de pesquisa;
-
Eixo Vigilância em Saúde: 8 problemas/necessidades de saúde e 18 prioridades de pesquisa;
-
Eixo Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde: 6 problemas/necessidades de saúde e 10 prioridades de pesquisa;
-
Eixo Gestão, Planejamento, Regulação e Financiamento em Saúde: 5 problemas/necessidades de saúde e 11 prioridades de pesquisa.
As prioridades de Pesquisa poderão subsidiar a tomada de decisão de pesquisadores de todo estado da Paraíba, considerando a realização de um movimento ascendente e horizontal de construção coletiva a partir dos problemas e necessidades de saúde da população paraibana.
CONSOLIDADO DE PROBLEMAS DE SAÚDE E PRIORIDADES DE PESQUISA DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DA PARAÍBA
Problema/Necessidade de Saúde | Prioridade de Pesquisa |
1. Baixa resolutividade da APS e falta de avaliação de seus condicionantes. |
1.1 Identificar e analisar potenciais problemas estruturais e logísticos das Unidades de Saúde (informatização, interconectividade, materiais, insumos, estrutura física, etc); 1.2 Desenvolver tecnologias, processos de trabalho e de gestão que aprimorem o acesso e a coordenação do cuidado; 1.3 Desenvolver mecanismos para o fortalecimento da atuação multiprofissional\interprofissional na APS. |
2. Falta de compreensão sobre o papel da assistência farmacêutica e sua aplicação na RAS. |
2.1 Compreender e analisar a judicialização de acesso a medicamentos na Paraíba; 2.2 Desenvolver mecanismos / metodologias para inserção do cuidado farmacêutico na Atenção Primária à Saúde (APS); 2.3 Identificar e promover o desenvolvimento das PICS por parte das equipes de saúde, considerando a perspectiva da assistência farmacêutica; 2.4 Avaliar a eficácia das PICS nos diferentes desfechos em saúde, considerando a perspectiva da assistência farmacêutica. |
3. Iniquidade da atenção à saúde, considerando questões de: classe social, raça/etnia, gênero, diversidade sexual, pessoas com deficiência, diversidade de crença e religião, populações em situação de rua, carcerária, profissionais do sexo, bem como outros estratos sociais marginalizados. |
3.1 Identificar as necessidades de saúde das populações em situação de vulnerabilidade; 3.2 Avaliar o acesso e a qualidade do cuidado das populações em situação de vulnerabilidade; 3.3 Descrever e analisar os impactos da insegurança alimentar e da fome nas condições de saúde das populações em situação de vulnerabilidade; 3.4 Descrever, analisar e propor estratégias de enfrentamento das violências sofridas pelas populações em situação de vulnerabilidade. |
4. Gestão inadequada de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) com elevada prevalência. |
4.1 Desenvolver metodologia ou formas de potencializar a construção e manutenção de territórios saudáveis; 4.2 Identificar e analisar experiências exitosas no autocuidado, autonomia do cuidado e intersetorialidade; 4.3 Identificar e fomentar mecanismos que aprimorem a gestão de urgências cardiológicas e neurológicas; 4.4 Identificar e fomentar mecanismos de acesso ao apoio diagnóstico e a consultas especializadas; 4.5 Análise do ambiente alimentar quanto a relação entre o acesso a alimentos ultra processados em detrimento de alimentos in natura ou minimamente processados e seu impacto no desenvolvimento de DCNT. |
5. Gestão inadequada do cuidado à saúde mental. |
5.1 Descrever e avaliar a qualidade do cuidado dos equipamentos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): comunidades terapêuticas, centros de Atenção psicossocial (CAPS), urgências e outros; 5.2 Descrever e analisar os fatores relacionados ao cuidado das pessoas com transtornos mentais, em especial os leves, na atenção primária e a medicalização do cuidado; 5.3 Descrever e analisar a Integração do cuidado nos diversos níveis da RAPS e nos demais equipamentos sociais dos territórios; 5.4 Analisar estratégias que promovam prevenção e cuidado ao adoecimento mental dos trabalhadores em saúde. |
6. Fragilidade na Avaliação das Redes de Atenção à Saúde (RAS). |
6.1 Compreender e avaliar a produção dos indicadores em saúde; 6.2 Avaliar a atenção à saúde nos diversos níveis da RAS; 6.3 Identificar e monitorar o uso do mecanismo da avaliação na gestão do cuidado e do trabalho em saúde. |
7. Fragilidade na Atenção à Saúde da Mulher |
7.1 Compreender e propor estratégias para a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, considerando as diferentes faixas etárias e as diversidades sexuais e de gênero; 7.2 Compreender a Rede de Atenção Materna e Infantil (RAMI) do Estado da Paraíba e as necessidades em saúde no período gravídico e puerperal; 7.3 Analisar as estratégias de diagnóstico, tratamento e reabilitação de mulheres (cis e trans), bem como homens trans, acometidas por neoplasias prevalentes nesta população. |
8. Estratégias de comunicação em saúde insuficientes. |
8.1 Analisar as estratégias de comunicação em saúde, na perspectiva de fortalecer o SUS e o controle social na Paraíba; 8.2 Identificar e analisar as iniciativas inovadoras de comunicação em saúde na Paraíba. |
Problema/Necessidade de Saúde | Prioridade de Pesquisa |
1. Inefetividade das ações de vigilância das arboviroses nos territórios. |
1.1 Analisar o processo de trabalho das equipes de atenção e vigilância que atuam no controle das arboviroses no Estado da Paraíba; 1.2 Desenvolver tecnologias inovadoras e propor estratégias de Educação Permanente em Saúde voltadas ao controle e vigilância das arboviroses; 1.3 Monitorar novas espécies de vetores, a fim de identificar e desenvolver novas e/ou mais eficazes estratégias no intuito de minimizar os riscos a saúde coletiva. |
2. Baixas coberturas vacinais. |
2.1 Compreender e analisar as causas das baixas coberturas vacinais no Estado da Paraíba; 2.2 Analisar os processos de trabalho, de gestão e de comunicação relacionados à vacinação no Estado da Paraíba. |
3. Uso indiscriminado de larvicida e/ou inseticida para o controle de vetores com impactos ambientais e na saúde das populações. |
3.1 Analisar os processos de trabalho e de gestão relacionados ao uso de larvicida e/ou inseticida para o controle vetorial e os impactos do uso indiscriminado para o meio ambiente e para a saúde dos trabalhadores; 3.2 Analisar a resistência dos vetores aos larvicidas e/ou inseticidas, utilizados para o controle de vetores; 3.3 Desenvolver e avaliar o uso de tecnologias alternativas à utilização de larvicidas e/ou inseticidas para o controle de vetores. |
4. Inexistência de informação para orientar a atenção e a vigilância de doenças raras e emergentes de interesse para saúde pública na Paraíba. |
4.1 Investigar e monitorar o perfil epidemiológico das doenças de interesse para saúde pública na Paraíba; |
5. Elevada incidência das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na população jovem da Paraíba. |
5.1 Compreender as causas da hesitação na adoção de medidas preventivas na população jovem no Estado da Paraíba; 5.2 Analisar estratégias de comunicação vinculada às práticas e políticas de prevenção e controle das IST na população jovem no Estado da Paraíba; 5.3 Analisar a atenção à saúde em relação às IST para a população jovem no Estado da Paraíba. |
6. Baixa efetividade na execução dos processos e fluxos da Vigilância em Saúde que dificulta a vigilância laboratorial. |
6.1 Analisar os processos de trabalho e de gestão e identificar potenciais problemas relacionados à vigilância laboratorial no Estado da Paraíba; 6.2 Analisar como os dados laboratoriais têm sido utilizados na tomada de decisões e formulação de Políticas Públicas. |
7. Alta incidência e prevalência de Doenças Negligenciadas na Paraíba. |
7.1 Identificar, avaliar e monitorar o perfil epidemiológico de Doenças Negligenciadas no Estado da Paraíba; 7.2 Analisar à atenção realizada às pessoas com doenças negligenciadas no Estado da Paraíba. |
8. Aumento da prevalência de trabalho informal em saúde e escassez de processos de vigilância | 8.1 Identificar e fomentar estratégias para o fortalecimento da vigilância em saúde do trabalhador, formal e informal, como processo primordial na identificação dos riscos e prevenção de agravos a saúde. |
Problema/Necessidade de Saúde | Prioridade de Pesquisa |
1. Levantar os perfis, vínculos de trabalho, necessidades educacionais e distribuição dos trabalhadores do SUS na Paraíba. |
1.1 Caracterizar o perfil sociodemográfico e educacional da força de trabalho nas diferentes macrorregiões do SUS da paraíba; 1.2 Desenvolver metodologias para dimensionamento da força de trabalho no SUS da Paraíba. |
2. Promover a repercussão dos processos de Educação Permanente nos serviços, a partir de uma perspectiva transformadora. | 2.1 Analisar e propor estratégias para o fortalecimento da Educação Permanente em Saúde, bem como avaliar seu impacto, no SUS da Paraíba. |
3. Reorientar o processo de educação na Saúde na graduação, pós-graduação, ensino técnico, centrado no SUS. |
3.1 Avaliar e fomentar o desenvolvimento de competências dos processos formativos na área da saúde; 3.2. Avaliar as necessidades de implantação de programas de residência em saúde, a partir das demandas das redes de atenção à saúde. |
4. Impactar os processos formativos na atenção e gestão no SUS, a partir da integração ensino, serviço e comunidade. |
4.1 Avaliar a repercussão dos cursos de formação nos serviços de saúde; 4.2 Identificar experiências exitosas na integração ensino, serviço e comunidade e desenvolver propostas para o fortalecimento dessa integração. |
5. Pesquisar o trabalho em equipe, intencionalidades e métodos (relações grupais, motivações, dificuldades...). | 5.1 Analisar e propor métodos de trabalho em equipe, e intencionalidades na perspectiva da interprofissionalidade. |
6. Identificar os vazios de formação e consequentes vazios assistenciais. |
6.1 Dimensionar e relacionar atores e iniciativas de formação nos diferentes territórios da Paraíba; 6.2 Verificar necessidades de formação em saúde a partir das necessidades epidemiológicas, assistenciais e de gestão dos serviços. |
Problema/Necessidade de Saúde | Prioridade de Pesquisa |
1. Fragilidade no estabelecimento, financiamento, funcionamento e efetividade dos fluxos assistenciais. |
1.1 Analisar os fluxos assistenciais envolvendo a relação entre a Atenção Primária em Saúde (APS) e média complexidade em âmbito regional; 1.2 Construir uma metodologia de rateio de recursos financeiros propiciando a contratualização das ações e serviços; 1.3 Estudar itinerários terapêuticos de linhas de cuidado prioritárias. |
2. Dificuldade de comunicação entre os órgãos governamentais e entes federados no âmbito da saúde. | 2.1 Analisar os processos e práticas de comunicação em saúde envolvendo atores estratégicos, procurando identificar avanços e desafios para a sua efetivação. |
3. Falta de uma regionalização efetiva e eficiente que esteja alinhada às reais necessidades de saúde da população. |
3.1 Analisar e compreender o processo de regionalização na Paraíba e seu impacto nas necessidades de saúde da população; 3.2 Realizar estudos comparativos do processo de Regionalização na Paraíba à luz de outras experiências estaduais. |
4. Fragilidade na implantação da política de regulação, dificultando o acesso em tempo oportuno. |
4.1 Identificar o grau de implantação dos dispositivos de regulação dos fluxos assistenciais; 4.2 Analisar o processo de funcionamento da política estadual de regulação com a proposição de soluções para os problemas apontados. |
5. Desigualdade estrutural em saúde na população paraibana em sua diversidade: indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, ciganos, quilombolas, população carcerária, população em situação de rua, profissionais do sexo e outras. |
5.1 Analisar o processo de inclusão das demandas das populações em situação de vulnerabilidade (indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, ciganos, quilombolas, população carcerária, população em situação de rua, profissionais do sexo e outras) no âmbito dos instrumentos de gestão; 5.2 Fomentar a elaboração de indicadores para avaliação das condições de vida de populações em situação de vulnerabilidade; 5.3 Promover diagnósticos participativos e etnográficos das condições de vida de populações em situação de vulnerabilidade. |